quarta-feira, 10 de abril de 2013

Internet é aliada no combate ao tráfico de pessoas

  
  
A Internet virou forte ferramenta para as polícias e as associações encontrarem pessoas que sumiram. De cada 10 indivíduos que têm a imagem compartilhada em sites e redes sociais, dois são encontrados
    
Do Correio Braziliense
Por Verônica Machado

  
 
O Ministério da Justiça estima que há pelo menos 10 mil registros de desaparecimentos de pessoas, por ano, no Brasil. No Distrito Federal, a Polícia Civil constatou um aumento de 37% de ocorrências em 2012 em relação a 2011 — sendo Ceilândia, Planaltina e Plano Piloto as três localidades com maior incidência. Este ano, foram 322 registros no Distrito Federal. Os motivos são variados, como um fim de semana perto da cachoeira sem avisar família ou amigos, tráfico humano, assalto seguido de morte, sequestro, violência... Sem saber, os familiares ficam angustiados com o sumiço do parente e vão à polícia procurar ajuda. Para acelerar o trabalho de busca, sites e redes sociais são meios, muitas vezes eficazes, de acabar com o desespero e encontrar quem pode estar em apuros. Quando não funcionam, servem para internautas, ao menos, darem apoio e colaboração.
  
A Associação Brasileira de Busca e Defesa a Crianças Desaparecidas, conhecida como Mães da Sé, tem um site com imagens e informações de vítimas. A presidente, Ivanise Esperidião, diz que as redes sociais ajudam, consideravelmente, nessas buscas. "De cada 10 pessoas com fotos divulgadas na Internet, pelo menos duas foram localizadas. Por isso, a web é tão importante", observa.
 
Um dos motivos de desaparecimento é o tráfico de pessoas. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados — que cuida do assunto no país — aponta o problema como grave. Existem 3 milhões de vítimas desse tipo crime por ano no mundo, segundo o presidente da CPI, deputado Arnaldo Jordy (PPS/PA). A máfia movimenta US$ 30 bilhões, e o Brasil está entre os sete países mais afetados. Ele ressalta que a internet tem sido uma aliada no combate aos crimes. "É uma ferramenta poderosa, extraordinária, pois dispõe da solidariedade dos usuários. Muitos casos são resolvidos ou as investigações são avançadas por meio da web", diz.
 
A presidente da Mães da Sé concorda. Ela diz que, na maioria das vezes, a família do desaparecido faz questão de avisar se o parente foi encontrado, vivo ou morto, e agradece o auxílio dos internautas. Quando não, acontece como o menino Tiago — Wesley Alexandre, nome verdadeiro — que foi encontrado há sete anos em Brasília: ainda existe e-mail circulando com a foto dele por todo o país. "Ao compartilhar os dados, ligo primeiro para saber se a pessoa já foi localizada. Só assim, divulgo", informa Ivanise.
 
O delegado adjunto da Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente do Distrito Federal, Rogério Cunha, diz que o compartilhamento de dados e de imagens na web auxilia na busca policial. Além disso, os mecanismos tecnológicos são utilizados eminvestigações. "Essa difusão é muito benéfica", comenta. Entretanto, ele sugere cuidado na publicação: "Coloque o contato da polícia para o caso de pistas, e não o número de telefone pessoal". Ao espalhar o alerta, perde-se o controle de quantos internautas podem ter acesso à informação e, se a pessoa for encontrada, é difícil reverter o quadro e avisá-los da boa notícia. Ainda assim, vale a pena, segundo Cunha. "O essencial é localizar o desaparecido, um dia essa difusão cessa", diz.
   
 

Nenhum comentário: