terça-feira, 10 de julho de 2012

Tráfico de Pessoas: Vítimas de agência de modelo relatam condições degradantes a Jordy

 
  
Do Portal PPS 
   
A modelo fotográfico Ludimila Verri, de 21 anos, e seu pai, Damião Verri, relataram, nesta terça-feira (10), aos integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara que investiga o tráfico de pessoas momentos de angústia e apreensão, após a moça ter sido enviada para a Índia, onde realizaria trabalhos profissionais.

Presidida por Arnaldo Jordy (PPS/PA), a audiência pública tentou desvendar um esquema que já vem sendo investigado pelo Ministério Público Federal (MPF), que acusa duas agências brasileiras de submeter garotas a trabalhos degradantes e cárcere privado no exterior.

Ludimila, que é do interior de São Paulo, contou que passou dois meses em Mumbai, a capital indiana. E que foi contratada no Brasil para fazer trabalhos como modelo naquela cidade. No entanto, segundo a jovem, a realidade lá encontrada foi outra. Ela viajou juntamente com a irmã que também é modelo, porém menor de idade.

Conforme a modelo, a decepção começou quando chegaram ao imóvel onde ficariam hospedadas, que tinha condições degradantes. Além disso, ela e a irmã eram proibidas de conversar com estranhos, além de permanecerem vigiadas a todo instante. Ludmila também disse que foi assediada pelo agenciador que as recebeu em Mumbai. “Ficamos meio escravizadas e o agenciador chegou a levantar a mão para mim”, relatou a modelo.

Arnaldo Jordy perguntou se as meninas eram impedidas de deixar o prédio onde se instalaram, que fica numa região afastada do centro de Mumbai.
    
Ela então respondeu que essa ordem não era explícita, mas que o agenciador as monitorava sempre. Ludmila, a irmã e uma modelo só voltaram ao Brasil no final de 2010, com a ajuda do pai que acionou o Consulado brasileiro naquele país.
 
“Quando a Raquel (agenciadora brasileira que enviou as meninas para a Índia) me disse que elas deveriam sair fugidas do apartamento, eu, como pai, fui lá no fundo do poço”, disse Damião aos integrantes da CPI.
   
O pai de Ludmila acrescentou que a proprietária da agência no Brasil descumpriu todos os acordos firmados com ele e com as modelos, por isso, resolveu acionar o governo brasileiro.
  
Convocação
  
A dona da Raquel Models, responsável por mandar as modelos para a Índia, já foi convocada pela CPI e deverá depor em breve.
  
A CPI instalada em março na Câmara dos Deputados tem como objetivo conscientizar, debater e propor formas de combate até mesmo novas Leis para a interrupção deste crime e já conta com o apoio institucional da Polícia Federal, da Ordem dos Advogados do Brasil, da Secretaria de Direitos Humanos, da Secretaria de Assuntos Institucionais da Presidência da República/Sisbin e do Ministério das Relações Exteriores. Só no Brasil foram identificadas mais de 200 rotas de tráfico.
 

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